
Dia (Inter)Nacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia
Ninguém fica para trás: igualdade, liberdade e justiça para todas as pessoas.
Mote 2024
Pretendes envolver-te, ou a organização que representas?
Preenche a Declaração de Envolvimento do IDAHOBIT 2024 junto da ILGA Portugal para registares e difundires as tuas ações.
O que é o 17 de maio?
O 17 de maio foi criado em 2004 para alertar todas as pessoas – movimentos sociais, jornalistas, pessoas eleitas e lideranças de partidos políticos e de órgãos de soberania, pessoas que lideram a opinião pública, e da população em geral – para a violência e a discriminação que as pessoas LGBT+ sofrem todos os dias em todo o mundo, e foi celebrado pela primeira vez no dia 17 de maio de 2005.
O objetivo do movimento que criou o 17 de maio era – e é – o de focar o problema na homofobia e não na homossexualidade, na transfobia e não na identidade e/ou expressão de género, na LGBTfobia e não nas identidades e vivências LGBT+.
Em menos de uma década, o dia 17 de maio estabeleceu-se como uma das mais importantes datas para os Direitos Humanos e para as pessoas LGBT+ e para as suas famílias em todo o mundo.
Em Portugal, foi a 26 de junho de 2015 que a Assembleia da República aprovou por unanimidade, através da Resolução da Assembleia da República n.º 99/2015, a consagração do dia 17 de maio como o Dia Nacional contra a Homofobia e a Transfobia, celebrando-se em simultâneo com o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.
Mais que uma data
O 17 de maio é mais que uma data no calendário. É uma oportunidade para reconhecer e perceber os desafios e dificuldades das pessoas LGBT+ em todo o mundo.
Da criminalização à violência; da discriminação no local de trabalho, casa e escola à falta de acesso a cuidados de saúde adequados e às mesmas oportunidades de trabalho e emancipação social; do acesso aos mesmos direitos até à visibilidade, as pessoas LGBT+ ainda enfrentam barreiras significativas para alcançar a igualdade e a cidadania plenas.
Este dia lembra-nos que a luta pela justiça social, pelos Direitos Humanos e, especificamente, pelos direitos das pessoas LGBT+ é contínua, e que cada pessoa e organização têm um papel a desempenhar na criação de um mundo mais inclusivo, mais digno e com mais equidade.
O 17 de maio não é uma campanha centralizada. Pelo contrário, é um momento em que todas as pessoas e organizações podem e devem agir publicamente. Locais de trabalho, espaços educativos, organizações comunitárias e políticas, órgãos de soberania, todas as pessoas em todo o lado devem posicionar-se do lado certo da história: pelos Direitos Humanos.
Porquê 17 de maio
A data de 17 de maio foi escolhida especificamente para comemorar a decisão da Organização Mundial da Saúde de desclassificar a homossexualidade como uma doença em 1990. Este foi, talvez, o primeiro passo no caminho que levará ao fim da última grande barreira e perseguição institucionalizadas ao longo da história da criminalização e patologização das identidades das pessoas LGBT+.
O Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia recebeu o reconhecimento oficial de vários Estados, de instituições internacionais, como o Parlamento Europeu, e de inúmeras autoridades locais.
A maioria das agências das Nações Unidas também assinala o dia com eventos e campanhas específicas, sendo um dos momentos mais importantes para a diplomacia internacional trabalhar em advocacia junto dos países e regiões que atentam contra os Direitos Humanos.
Porque importa?
Em 1990, 131 países ou regiões criminalizavam as vidas e identidades LGBT+.
Em 2024, 62 países continuam a criminalizar as vidas e identidades LGBT+.
Estes 62 países representam cerca de 23% da população mundial. Praticamente um quarto da humanidade vive onde as pessoas LGBT+ e as suas famílias são perseguidas, criminalizadas e punidas com multas, agressões corporais e mentais, e penas de prisão, incluindo prisão perpétua e pena de morte.
Mas não é apenas a criminalização.
Em 2024, 59 países continuam a ter legislação especifica para limitar a liberdade de expressão de pessoas LGBT+ e, destes 59 países, 30 têm também legislação especifica que visa limitar a visibilidade das vidas LGBT+ na comunicação social.
Mas não são apenas a liberdade de expressão e a invisibilidade
Em 2024, 59 países têm também legislação que limita ou proíbe a liberdade de reunião. Estes são países que criminalizam o trabalho de ativistas de Direitos Humanos, especificamente dos direitos LGBT+.
Alguns destes países fazem parte da União Europeia e/ou do Conselho da Europa, como a Hungria, Lituânia, Moldávia ou Turquia.
Portugal e o mundo
Portugal tem relações institucionais, comerciais e turísticas com vários países que atentam contra os Direitos Humanos e especificamente contra os direitos das pessoas LGBT+.
De todas as formas de discriminação e repressão institucionalizadas (através do direito constitucional, penal, administrativo, etc), Portugal tem relações institucionais e comerciais com 53 dos 62 países que criminalizam as vidas e identidades LGBT+.
E por cá?
Em Portugal, os crimes de ódio aumentaram 38% em 2023.
65,1% das pessoas consideram existir discriminação no país e 35,9% já a testemunharam. Os fatores mais relevantes da discriminação percebida e testemunhada em Portugal são o grupo étnico, cor da pele, orientação sexual e território de origem.
Dados de várias organizações de Direitos Humanos, relatórios oficiais, denúncias e relatos noticiosos de crimes perpetrados mostram inequivocamente que a discriminação e os crimes de ódio estão a aumentar em Portugal.
O discurso de ódio, os crimes de ódio, os ataques e os episódios discriminatórios que aumentam na sociedade portuguesa são o resultado imediato e direto da legitimação dos discursos extremistas e populistas, e têm de ter uma oposição forte, firme, inequívoca e de todos os setores da sociedade portuguesa.
Não podemos naturalizar o medo e o ódio.
Não podemos ser tolerantes com quem é intolerante.
Sabemos que a maioria da sociedade portuguesa está do lado certo da história. E é essa posição que é preciso visibilizar, demonstrar pública e inequivocamente.
Só com pessoas e entidades aliadas podemos continuar a lutar pelos Direitos Humanos e reforçar a Democracia. 50 anos depois da Liberdade, ela tem de ser uma realidade para todas as pessoas.
Sobre a campanha
O repto para a campanha foi iniciado pelo ativista anti-racista e LGBT+ Louis-Georges Tin, académico francês. Desde o primeiro momento que a Associação ILGA Portugal se associou à mesma, com a recolha de assinaturas para a petição internacional, e também para uma petição nacional, tendo, desde aí, trabalhado anualmente na sua dinamização.
No dia 17 de maio de 2005 a Associação ILGA Portugal entregou na Assembleia da República uma petição pela criação e reconhecimento deste dia.
Apesar do trabalho, e da recolha das assinaturas, infelizmente, foi preciso esperar uma década para que o Parlamento consagrasse o dia 17 de maio como o Dia Nacional contra a Homofobia e a Transfobia.
Sobre o nome
Apesar de o dia 17 de maio ter sido inicialmente publicitado e conhecido como “Dia Internacional contra a Homofobia”, a petição iniciou-se como “à organização das Nações Unidas e a todos os Estados, Governos e Parlamentos por um Dia Internacional Contra a Homofobia em prol do reconhecimento internacional de lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans… (original em inglês: To United Nations Organization and all States, Governments and Parliaments for an International Day Against Homophobia towards an international recognition of Lesbians, Gays, Bisexuals, and Trans People…).
Em 2009, a Transfobia foi adicionada explicitamente ao nome da campanha para reconhecer e aumentar a visibilidade sobre a diferença entre a orientação sexual e a identidade/expressão de género. Em 2015, a bifobia foi adicionada ao nome da campanha, também para reconhecer e visibilizar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas bissexuais.
Desde então, a data é reconhecida como Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, em inglês International Day Against Homophobia, Transphobia & Biphobia e o acrónimo IDAHOBIT.
Para garantir uma maior inclusão e refletir na comunicação a diversidade das minorias sexuais e de género diverso, a campanha optou por definir-se como “Uma celebração global das diversidades sexuais e de género”.
Sobre o acrónimo
Os eventos que celebram o 17 de maio são anunciados com diferentes acrónimos e nomes em diferentes países e regiões, e está tudo bem com essa diversidade!
O acrónimo mais usado atualmente é IDAHOBIT e as hashtags são #IDAHOBIT e #IDAHOBIT2024.
Relativamente à não inclusão das identidades intersexo / intersexofobia no nome da campanha, isto deve-se à falta de consenso global entre as comunidades e coletivos de pessoas intersexo sobre se deve, ou não, ser incluído na campanha global do 17 de maio.
Em respeito ao ativismo intersexo, a Associação ILGA Portugal opta por não usar o I de intersexo no 17 de maio, não deixando, porém, de reconhecer que as pessoas intersexo são também elas alvo de discriminação e patologização das suas identidades e características sexuais.
Em 2024
Em 2024 o mote da campanha é “Ninguém fica para trás: igualdade, liberdade e justiça para todas as pessoas”.
Pretendes envolver-te ou a organização que representas?
Preenche a Declaração de Envolvimento do IDAHOBIT 2024 junto da ILGA Portugal para registares e difundires as tuas ações.
Ações em Portugal
Consulta neste mapa as várias ações que vamos tendo conhecimento. Consulta os dias e as horas e participa. Se tiveres conhecimento de outras ações que não estejam aqui listadas, preenche o formulário Declaração de Envolvimento.
Ações em Portugal nos anos anteriores
Em Portugal são várias as ações que ocorrem todos os anos, da academia à cultura, de serviços públicos a espaços comunitários, entidades públicas e privadas.
Deixamos aqui um registo de algumas das ações já promovidas:
- Comunicado do Presidente da República
- Iluminação do Palácio de São Bento – Assembleia da República
- Hastear da bandeira pelo Primeiro-Ministro e vários ministérios
- Iluminação de edifícios e monumentos públicos
- Seminários, conferências e formações
Outras informações
-
- Afeganistão
- Argélia
- Bangladeche
- Brunei Darussalam
- Burundi
- Camarões
- Chade
- Comores
- Egito
- Eritreia
- Essuatíni
- Etiópia
- Gâmbia
- Gana
- Granada
- Guiné
- Guiana
- Irão
- Iraque
- Jamaica
- Quénia
- Quiribáti
- Koweit
- Líbano
- Libéria
- Líbia
- Maláui
- Malásia
- Maldivas
- Mauritânia
- Marrocos
- Mianmar
- Namíbia
- Nigéria
- Omã
- Paquistão
- Papua-Nova Guiné
- Catar
- Santa Lúcia
- São Vicente e Granadinas
- Samoa
- Arábia Saudita
- Senegal
- Serra Leoa
- Ilhas Salomão
- Somália
- Sudão do Sul
- Sri Lanca
- Sudão
- Síria (República Árabe)
- Tanzânia
- Togo
- Tonga
- Tunísia
- Turquemenistão
- Tuvalu
- Uganda
- Emirados Árabes Unidos
- Usbequistão
- Iémen
- Zâmbia
- Zimbábue
-
Qual é a diferença entre o Dia Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia (17 de maio) e o Dia do Orgulho (28 de junho)?
Os dois dias e as suas celebrações distinguem-se, e complementam-se: o Dia do Orgulho celebra e dá visibilidade ao orgulho que as pessoas LGBTI+ têm das suas identidades, recusando a vergonha que a LGBTIfobia pretende impor.
Ao mesmo tempo, o Dia Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia pretende lutar contra a LGBTIfobia, e mostrar que a mesma deve ser abertamente combatida e desconstruída.
Na prática, no Dia do Orgulho marchamos para que as nossas vozes sejam ouvidas e os nossos corpos ocupem o espaço público; no Dia Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia agimos concertadamente enquanto sociedade para mostrar inequivocamente que os Direitos LGBTI+ são Direitos Humanos.