Prémios Arco-Íris 2019 Prémios Arco-Íris 2019

Prémios Arco-Íris 2019

ILGA arrows-1

Vem celebrar connosco 10 anos de igualdade no casamento. Diz sim.

A ILGA Portugal atribui anualmente os Prémios Arco-íris como forma de reconhecimento e incentivo a personalidades e a instituições que, com o seu trabalho, se distinguiram na luta contra a discriminação em função da orientação sexual, identidade/expressão de género e características sexuais, contribuindo para a afirmação dos direitos das pessoas LGBTI.

#PRÉMIOSARCOÍRIS2019

CAPITÓLIO

Lisboa
11 de janeiro 2019
20h00

Apresentação de

Beatriz Gosta
Joana Barrios

Cerimónia

Entrada Livre | 20h00
Revenge of the Queers! After Party
Entrada 10€ > 23h30-02h00
PREMIAD@S

Instituto de Apoio à Criança – Sector de Humanização

Prémio AMPLOS

Tendo já recebido um prémio Arco-Íris da ILGA Portugal na edição de 2014 pelo apoio às iniciativas legislativas que determinavam a possibilidade de coadoção por casais do mesmo sexo, o Instituto de Apoio à Criança é desde a sua fundação, há 36 anos, uma referência absoluta na história dos Direitos das Crianças e dos Direitos Humanos em Portugal.

Hoje, a equipa do Sector de Humanização deste Instituto é reconhecida com o prémio AMPLOS – Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género, pelo continuado trabalho de sensibilização para a proteção de crianças e jovens LGBTI e de informação das suas famílias e redes de suporte, este ano reforçado com o apoio à elaboração dos Guias para Famílias e Profissionais de Educação sobre diversidade de Género na Infância promovido pela AMPLOS, um esforço conjunto que será sem dúvida fundamental para o combate à discriminação das crianças e jovens em função da sua orientação sexual, expressão e identidade de género e características sexuais.

Deixando sempre bem claro que a vontade de discriminar não se pode sobrepor aos direitos das crianças, o Sector de Humanização do Instituto de Apoio à Criança continua a dar-nos esperança num futuro melhor, para nós e para todas as crianças. E é com um aplauso emocionado que recebemos em palco esta esperança, para que, tal como as crianças, e também com o trabalho do Instituto, consigamos sonhar com um mundo livre, seguro, igualitário e recheado de arco-íris deliciosos.

José Carlos Malato

Prémio rede ex aequo

O bullying é um dos maiores obstáculos que crianças e jovens podem encontrar no seu percurso de vida, e é especialmente grave quando acontece em contexto escolar, dentro dos muros da escola e aos olhos de toda a comunidade, limitando as hipóteses de sucesso na formação, na emancipação e no convívio entre pares, com elevados impactos a nível do bem-estar emocional e da saúde física e mental.

É por isso responsabilidade dos Governos, das autarquias e das equipas escolares, mas também de todas e todos nós, assegurar que os ambientes escolares são de empatia e integração, promovendo o bem-estar de todas as crianças e jovens que habitam neste país. Falar sobre experiências de bullying, em especial na primeira pessoa, é uma das respostas fundamentais para que a sociedade perceba o impacto que a violência tem na vida escolar.

Foi este o importante contributo de José Carlos Malato que, em vários contextos públicos e mediáticos, deu voz ao sofrimento sentido por tantas crianças e jovens, contrariando os movimentos políticos e sociais anti-LGBTI que começam a ressurgir perigosamente no nosso país. Partilhando a sua experiência pessoal enquanto figura pública, mas também enquanto homem gay inserido em contextos familiares comuns a tantas e tantos de nós, José Carlos Malato soube transformar o seu potencial de visibilidade num forte apoio à promoção da inclusão e da proteção de jovens LGBTI nas escolas portuguesas. Por isso, é hoje reconhecido com o prémio rede ex aequo – associação de jovens lgbti e apoiantes. Enquanto o bullying e a violência merecem a nossa veemente rejeição e repúdio, José Carlos Malato merece, sem dúvida, o nosso forte aplauso.

Aline Flor (Público) e Joana Martins (RTP - #SóQNão)

Prémios ILGA - Jornalismo

A forma como são apresentadas as nossas histórias na comunicação social é uma das maiores ferramentas de empoderamento, denúncia e vitória da qual a população LGBTI pode beneficiar. Das entrevistas às peças e reportagens de denúncia do ódio e da discriminação, o bom jornalismo faz-se de um enquadramento da realidade sério, livre e isento de populismos ou click-baits. Trazer à luz do público passados de violência ou histórias de felicidade e superação com as lentes e as canetas apontadas para o caminho da igualdade é, pois, um desafio tanto de responsabilidade como de justiça.

As jornalistas Aline Flor e Joana Martins souberam fazê-lo ao mais alto nível, e por isso são dois nomes que destacamos: pelo trabalho de excelência que desenvolveram no último ano em peças jornalísticas de relevo e que alertaram para o bullying nas escolas, para a ascensão do movimento anti-LGBTI europeu, sabendo também dar voz às histórias e vivências das pessoas LGBTI em novos formatos multimédia, do podcast aos programas emitidos em novas plataformas digitais.

Por todo o trabalho tantas vezes solitário e atrás de microfones e câmaras, mas que traz para as luzes da ribalta as vozes e rostos das pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo tantas vezes silenciadas, chamamos hoje ao palco, com orgulho e um forte aplauso, as jornalistas Aline Flor e Joana Martins, para receber o Prémio Arco-Íris da ILGA Portugal.

Câmara Municipal de Almada, Junta de Freguesia de Campolide e Junta de Freguesia da Misericórdia

Prémios ILGA - Políticas Públicas para a Inclusão

Se tivéssemos apenas um conselho para dar a todos os municípios do país, o trabalho em prol da igualdade social seria a escolha mais acertada.

Hoje, a ILGA Portugal atribui um Prémio Arco-Íris à Câmara Municipal de Almada, à Junta de Freguesia de Campolide e à Junta de Freguesia da Misericórdia, três autarquias que souberam colocar em prática os princípios da igualdade e da não discriminação com ações e projetos em torno da visibilidade, interseccionalidade e inclusão das pessoas LGBTI, nomeadamente através das campanhas “Tão Almada como Tu”, “Campolide é Igualdade” e do envolvimento continuado da comunidade local e artística na luta pelo fim da homofobia, transfobia e bifobia.

Num contexto nacional de crescente conquista de direitos e garantias, mas também atualmente ameaçado pelo avanço de movimentos extremados e que colocam em causa Direitos Humanos que foram tão difíceis de conquistar, as autarquias têm um papel essencial no acompanhamento social e comunitário das populações locais, com a possibilidade de aplicar na prática contextos de inclusão que, apesar de fundamentais e inalienáveis, são pouco palpáveis quando apenas se resumem a meras palavras escritas em documentos sem qualquer concretização.

Assim o fizeram a Câmara Municipal de Almada, a Junta de Freguesia de Campolide e a Junta de Freguesia da Misericórdia. E porque sabemos que são ainda mais as Assembleias, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia a colocar-se do lado certo da História, agradecemos e aplaudimos com forças redobradas as boas práticas e políticas públicas para a inclusão.

Diogo Faro

Num mundo mediático que extravasa continuadamente os princípios do rigor, da exatidão ou do combate ao sensacionalismo, os espaços de opinião da última década voltaram a ser ocupados por opinion makers que veiculam o discurso de ódio e dão palco à discriminação, sem qualquer sentido de responsabilidade sobre o impacto negativo que as suas palavras poderão ter sobre determinadas comunidades ou minorias. O humor também não escapa a este movimento, mas continua a ser uma das mais valiosas ferramentas para desmontar o preconceito, constituindo-se como um bastião de resistência à intolerância.

Nesta batalha, o comediante Diogo Faro tem ganho destaque pelo seu caminho crescente de promoção da igualdade de género e da defesa das pessoas LGBTI, seja nos seus espetáculos ou colunas de opinião, seja em ações de sensibilização em escolas ou empresas, nas quais fica claro que a homofobia, a bifobia e a transfobia não têm mesmo qualquer piada. São posições públicas e políticas como as de Diogo Faro que reforçam que quem quer destruir as duras conquistas dos Direitos Humanos em Portugal não terá uma tarefa fácil.

Hoje, aplaudimos Diogo Faro pelo seu trabalho ativista e de charneira no combate à discriminação. E recorrendo ao trocadilho para dizer que “discriminação com humor se apaga”, esperamos que saiba continuar a usá-lo como veículo para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária e rica em diversidade.

Fado Bicha e "Variações", filme de João Maia

Voz (n)às Artes

No mundo das artes em geral continua a imperar a heteronormatividade e a invisibilidade, não só de artistas LGBTI, com muito menor representação, mas também de temas que abordem histórias e relações entre pessoas do mesmo sexo, ou que reflitam sobre a identidade de género, por exemplo. As pessoas LGBTI precisam de mais modelos com que possam identificar-se e precisam de mais exemplos positivos e empoderadores, para que possam sonhar pela arte, sem restrições, sem normatividades nem amarras.

Lila Fadista e João Caçador são exemplos inspiradores de como é possível transformar um dos principais pilares da música e da cultura portuguesas - o Fado, conferindo-lhes um caráter inclusivo, abrangente e libertador. De raiz feminista, o Fado Bicha, assim se chama o projeto iniciado por Lila e João, rebentou com os cânones e impôs-se na cena musical, chegando a tantos e novos públicos, cá e além fronteiras, para dar voz às pessoas LGBTI e para falar de histórias inspiradoras com pessoas LGBTI. Hoje aplaudimos o Fado Bicha para que continue a dar voz à inclusão, afirmando os valores da igualdade no mundo da música.

Ao carisma do Fado Bicha juntamos, também na música, o carisma de António Variações, um dos grandes músicos do início dos anos 80, à frente do seu tempo, lembrado com carinho por muitas pessoas e cuja música continua ainda hoje a influenciar gerações de artistas. O filme “Variações” de João Maia, sobre a vida de António, estreado em 2019, foi, em Portugal, o filme português mais visto do ano. Levando a visibilidade sem rodeios ao grande público, a obra reforçou também o quão difícil é dar nome à discriminação e falar abertamente sobre VIH. Este prémio é um incentivo para que João Maia e mais realizadoras e realizadores continuem a abordar a temática LGBTI de uma forma mais clara e abrangente, sem medos ou silêncios.

Estoril Praia

Inclusão no Desporto

“Queremos dizer ao mundo que não há espaço no nosso clube para qualquer tipo de preconceito e discriminação.” Foi com estas palavras que o Grupo Desportivo Estoril Praia se posicionou em 2019 na linha da frente do desporto nacional.

A visibilidade foi de pontaria certeira, com atletas e apoiantes a vestirem sobre a pele cachecóis e braçadeiras arco-íris, com uma campanha de visibilidade contra o preconceito e a discriminação no desporto sem precedentes. que envolveu atletas e apoiantes.

Mas o compromisso do clube foi mais além, implementando ações concretas de formação da equipa técnica e dirigente para a aplicação na prática da igualdade e da inclusão das pessoas LGBTI que apoiam ou desenvolvem a sua atividade desportiva no clube.

O desporto, e em especial o universal futebol, só terá a ganhar quanto mais proporcionar um ambiente inclusivo e de valorização do talento e o esforço de atletas e equipas, sem receios ou medos de insultos, de violências, de bullying. O Grupo Desportivo Estoril Praia lidera assim o campeonato do Orgulho pelas pessoas que o constituem e admiram, numa vitória retumbante que merece, sem dúvida, um Prémio Arco-Íris, e claro: uma onda de aplausos.

Alex D’Alva Teixeira

Coming-Out

“Por vezes tento conceber como seria poder escolher caber no que uns acham ‘normal’”. A letra de “A Carta”, música da banda D’Alva integrada pelo músico Alex D’Alva Teixeira, reflete com uma simplicidade crua o quão complexo, duro e sufocante pode ser crescer-se enquanto pessoa Lésbica, Gay, Bissexual, Trans ou Intersexo.

As palavras de coming-out de Alex D’Alva Teixeira, principalmente as proferidas depois da 23ª edição do Arraial Lisboa Pride, tiveram repercussão em vários meios de comunicação social e revestiram-se de grande importância para tantas e tantos de nós que ainda não conseguiram sair do armário do medo, da invisibilidade e do silêncio.

Com o seu coming-out público, Alex D’Alva Teixeira teve a coragem de quebrar o contrato com o silêncio e reforçou-se como figura de referência no combate à discriminação e aos estereótipos que ainda resistem nos contextos mais jovens, mas também dentro da indústria da música e do entretenimento, meio no qual a pressão para fechar no armário a identidade que nos faz saber criar se revela de uma crueldade perversa.

Hoje, aplaudimos Alex D’Alva Teixeira, agradecendo a sua força e a sua mensagem para que, tal como escreveu, mais pessoas (todas as pessoas!) possam escolher aceitar-se e celebrar-se tal como são.