Prémios Arco-Íris 2021 / 2022
A 19ª e 20ª cerimónia de entrega de Prémios Arco-Íris realizou-se no dia 16 de fevereiro de 2023 na discoteca LuxFrágil.
- apresentação: Luana do Bem (humorista e apresentadora) e Paulo Pascoal (figura pública angolana e artista de teatro, televisão, rádio e cinema)
- atuações: Luan Okun e Judas
- festa pós-prémios: DJ Di Cândido (Didi) e Leo Soulflow (organização pelo LuxFrágil)
- troféus: Maria João Vaz
Informações úteis
- Entrada livre, sujeita à lotação do espaço e reservada a maiores de 16 anos
- Abertura de portas às 21h e início às 21h30
- A cerimónia teve – como habitualmente – com interpretação em Língua Gestual Portuguesa e uma zona reservada para pessoas com mobilidade reduzida
Prémios Arco-Íris 2021 / 2022 atribuídos a:
- Ivvi Romão
- Bragança, Diversidades Contigo
- Teatro Nacional D. Maria II
- Ricardo Cabral Fernandes
- Rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa
- Cláudia Varejão
- Casa do Povo de Fermentões (Prémio Arco-Íris atribuído pela AMPLOS)
- Andreia Friaças (Prémio Arco-Íris atribuído pela rede ex aequo)
Consulta os vídeos de apresentação de cada um dos Prémios atribuídos aqui.
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Ana Aresta
Boa noite a todas as pessoas!
Três anos depois conseguimos finalmente regressar aos Prémios Arco-Íris cara a cara, pós-pandemia. Que alívio e que bom é estar aqui convosco hoje. 2023 está já marcado por grandes desafios. A coragem, voz e resistência de ativistas trans e travesti levaram a mais um momento histórico com o movimento anti-transfake. Os ataques dirigidos à ativista Keyla Brasil reforçaram a urgência destas manifestações, mas também voltaram a colocar a descoberto uma dupla violência: a da transfobia enraizada no nosso país e a da passividade social face aos discursos e movimentos de ódio.Joana
Historicamente, na luta pelos Direitos Humanos, houve sempre posicionamentos coletivos e individuais diferentes – e é esta pluralidade que torna o movimento LGBTI+ tão forte, apesar dos momentos de discórdia e diferentes ritmos e visões. Esta luta faz-se no diálogo constante com agentes-chave do panorama político, mas também com atos de disrupção, de ocupação do espaço público, de ação direta. E por isso abrimos a cerimónia dos Prémios Arco-Íris com esta mensagem: a escuta ativa e honesta revela-se fundamental para conquistar, garantir e manter direitos. E todas e todos nós temos este poder de mudança.Ana Aresta
O meu nome é Ana Aresta. Eu, a Joana Cadete Pires e a restante direção, equipa e comunidade de suporte da ILGA Portugal damos as boas-vindas à dupla edição dos Prémios Arco-Íris. Hoje, em conjunto com a AMPLOS e a rede ex aequo, celebramos pessoas e instituições que, com o seu trabalho, se distinguiram nos últimos dois anos na luta contra a discriminação das pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo –, contribuindo para a afirmação dos nossos direitos.Joana Cadete Pires
Em 2021 levámos os Prémios Arco-Íris à televisão, lembras-te Aresta? As gravações no Canal Q…Ana Aresta
Se me lembro, Joana. Foste péssima com o teleponto, mas foi uma experiência que nos permitiu chegar a novos públicos por todo o país em tempos de pandemia.
Mas foi também a pandemia que nos levou a ter de assumir decisões difíceis, como foi o facto de não termos capacidade de realizar os Prémios Arco-Íris em 2022.Joana Cadete Pires
É exatamente por termos estado tanto tempo sem organizar este momento que sentimos o tanto que ainda precisamos dele. E é por isso que queremos, hoje, agradecer a vossa presença e agradecer a toda a equipa do Lux Frágil pela abertura e disponibilidade para acolher esta cerimónia e organizar a festa – e claro, por levarem os Prémios a saírem à noite a uma quinta!Ana Aresta
A esta hora, a um dia de semana, é de facto uma cerimónia pouco amiga das lésbicas, e pedimos desculpa, amigas, por vos termos tirado as pantufas e metido nesta alhada. Mas sabemos que é também a vossa veia ativista que vos traz aqui esta noite. Por isso, hoje, celebramos todas as pessoas nesta plateia que resistem à discriminação, que denunciam a violência e que se aliam à luta pelos nossos direitos. A vós, o nosso agradecimento com um forte aplauso.Joana
Fez este ano, a 1 de janeiro, 40 anos desde a descriminalização da homossexualidade em Portugal. Foi um marco histórico na democracia, que permitiu tremendos avanços no caminho pela construção da liberdade. Desde então, foram tantas as conquistas históricas – do casamento, à autodeterminação de género, ao fim de muitas das discriminações na parentalidade. Mas há desafios que persistem. O caminho da igualdade continua e cá estamos – juntamente convosco – para o traçar e festejar.Ana Aresta
E os rankings dizem que Portugal está neste momento estagnado no que toca aos Direitos LGBTI+ Por isso, apelamos também às pessoas representantes de partidos e do Governo, hoje aqui presentes, que coloquem nota de urgência na proibição das chamadas práticas de conversão, que insistam no reforço dos direitos das pessoas trans e intersexo na Constituição Portuguesa, e que não se esqueçam que ainda há caminhos por cumprir nos direitos e proteção das pessoas trabalhadoras do sexo, na igualdade de acesso à saúde e em matéria de parentalidade, com o alargamento da Gestação de Substituição a todas as pessoas.Joana
Para que estes avanços sejam uma realidade, é também fundamental e necessário o reforço do apoio às associações e estruturas comunitárias de suporte por todo o país. Não há igualdade na prática sem um Orçamento do Estado robusto nesta área e que retire o nosso trabalho da dependência das verbas dos Jogos Sociais.Ana Aresta
E falando em estruturas comunitárias, tornamos aqui pública a notícia de que procuramos um novo espaço para o nosso Centro LGBTI+, e apelamos para que, junto das vossas redes de contacto, nos ajudem a procurar um espaço que nos permita ter as condições adequadas para os serviços e grupos comunitários da Associação.Joana
Lisboa merece um Centro LGBTI+digno, ainda para mais a caminho de receber o EuroPride em 2025. Orgulhamo-nos muito desta candidatura vencedora, apresentada em conjunto com mais três associações: a AMPLOS, a rede ex aequo e a Variações, com quem trabalharemos ativamente até lá.Ana Aresta
Apelamos ao vosso contributo e ideias para o Europride. Teremos ações por toda a cidade, num momento político e social sem precedentes no nosso país – e, claro, beneficiando do palco-altar das Jornadas Mundiais da Juventude.Joana
De volta aos Prémios Arco-ìris, queremos agradecer a Luan Okun pela performance e pela sua voz transformadora e que dá também corpo ao trabalho desenvolvido pela Casa T. Agradecemos também à Maria João Vaz pelos troféus desta noite, que nos convidam à reflexão sobre a diversidade de corpos e identidades. Obrigada ainda a Judas, que irá atuar esta noite, ao staff da ILGA Portugal, sem o qual não poderíamos chegar ao nível de trabalho que temos hoje, e a todas as pessoas voluntárias que estão connosco, em especial à Margarida, Sol, Ismael, Gonçalo, Nuno, Adriana, Fred, Miguel, Diana, Sílvio e Sari.Ana Aresta
Eu e a Joana despedimo-nos por hoje… E para vos acompanhar esta noite chamamos ao palco a maravilhosa dupla de pessoas apresentadoras: Paulo Pascoal e Luana do Bem!Boa noite!
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Ivvi Romão
O poder de contarmos as nossas próprias histórias tem um impacto especialmente importante na criação de laços com quem as escuta, como no empoderamento de quem as conta. Num contexto em que as vivências trans na primeira pessoa ainda estão sob o manto da invisibilidade, poder contar a sua própria história é mais do que uma demonstração de orgulho em quem são, é também, muitas vezes, um ato de sobrevivência e de orgulho. A expressão artística tem aqui o condão de ser o veículo de representar aquilo que se é por excelência e foi precisamente através dela que a artista e modelo Ivvi Romão inaugurou e legitimou a existência do seu próprio corpo-obra queer. No seu percurso profissional Ivvi Romão tornou-se um marco na representatividade e visibilidade das pessoas trans em Portugal.
Projeto “Bragança, Diversidades Contigo”, da Cruz Vermelha Portuguesa, Estrutura Local de Bragança
O acesso à saúde é um direito fundamental, mas a falta de acesso a um sistema de saúde digno e a cuidados específicos e fora dos grandes centros populacionais continua a empurrar as pessoas trans para contextos altamente discriminatórios, inseguros e que reforçam a desigualdade social. O projeto “Bragança, Diversidades Contigo!” foi criado pela Cruz Vermelha de Bragança para contrariar esta narrativa instalada há demasiado tempo no nosso país. Com o apoio de profissionais especializados, o projeto “Bragança, Diversidades Contigo!” aposta em ações de formação, promove o acesso a consultas especializadas e facilita processos de afirmação, estabelecendo-se como espaço de referência ao apoio a pessoas trans no distrito.
Teatro Nacional D. Maria II, sob a Direção Artística de Pedro Penim
O Teatro Nacional D. Maria II, sob a direção artística de Pedro Penim, viu surgir peças como Casa Portuguesa, ou Maráia Quéri, ou ainda Outra Língua e Ainda Marianas, e soube sair de si para as levar a todo o país, posicionando-se assim na dianteira da reflexão sobre como se pode ter um papel ativo na revolução do cânone, acolhendo uma perspetiva interseccional e tendo consciência do quanto a falta da diversidade fragiliza a cultura.
Jornalista Ricardo Cabral Fernandes, pela peça de investigação “Práticas de conversão de orientação sexual: as torturas que ainda acontecem em Portugal”
As chamadas práticas de conversão continuam a ser realizadas em Portugal de forma impune. O impacto na saúde mental e na autoestima das pessoas submetidas a estes atos desumanos é avassalador. Submeter crianças, jovens e pessoas adultas a estas atividades sem qualquer validação clínica continua a ser uma realidade desprotegida na legislação portuguesa. É neste contexto que surge a investigação assinada pelo jornalista Ricardo Cabral Fernandes no jornal Setenta e Quatro e intitulada “Práticas De Conversão De Orientação Sexual: As Torturas Que Ainda Acontecem Em Portugal”.
Rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa
As BLX reforçaram a sua aposta pela promoção da igualdade de género e da visibilidade das pessoas LGBTI+ com reflexões internas, formações das equipas e a realização de atividades em prol da igualdade e da inclusão. Todo este trabalho culminou no lançamento do Manual “Aberta a todas as pessoas: servir a comunidade LGBTI na sua biblioteca”, que tem apoiado o trabalho de bibliotecas por todo o país.
Cláudia Varejão, pelo filme Lobo e Cão e pelo projeto (A)MAR – Açores pela Diversidade
Cheio de orgulho e diversidade, o filme Lobo e Cão transporta-nos para espaços e vivências queer nos Açores, trabalhando a desconstrução de estereótipos de género e dando cor e corpo ao poder da união, da amizade e das comunidades. Mas mais do que isso: a obra está diretamente relacionada com a criação da associação (A)MAR, um centro de apoio às pessoas LGBTI+, fazendo uma ponte direta entre a visibilidade, a representatividade, as reivindicações políticas e a necessidade urgente de, por todo o lado, clamarmos pela existência de espaços inclusivos e de comunidade.
Prémio Arco-Íris atribuído pela AMPLOS
Casa do Povo de Fermentões / Caminho para o Futuro, pela criação do gabinete Bússola
O projeto Bússola contempla um gabinete de apoio à comunidade LGBTQIA+ e seus/suas familiares. Com sede nas instalações da C.P.F, o projeto pretende também dinamizar várias ações de informação e sensibilização no concelho de Guimarães e em outros concelhos limítrofes com vontade de desenvolver projetos nesta área.
Prémio Arco-Íris atribuído pela rede ex aequo
Jornalista Andreia Friaças
Andreia Friaças recebe este prémio arco-íris pelas peças «Para os jovens trans, ir à escola é “uma batalha”: “Tinha medo de que me agredissem”» e «Linguagem inclusiva não é “capricho”. É “igualdade e respeito”».
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