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Dia da Pessoa Trabalhadora

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Hoje celebramos o #DiadaPessoaTrabalhadora e todas as conquistas que ele simboliza, desde a jornada das oito horas de trabalho, o direito à greve e à manifestação, a períodos de férias e a assistência na doença. Celebramos a inclusão da proibição da discriminação em razão da orientação sexual e da identidade de género no CT. Celebramos as várias iniciativas privadas que têm vindo a criar espaços mais seguros para as pessoas LGBTI dentro dos seus locais de trabalho.

Celebramos tudo isto e lembramos o impacto poderoso que todas as pessoas que lutaram para que o trabalho fosse um sítio digno tiveram. Importa também enunciar o que ainda deve ser feito.

A pandemia da COVID-19 veio deixar a descoberto a insustentabilidade do nosso mercado de trabalho e da gestão de recursos humanos que tantas vezes se arrasta nas empresas e outros locais. Mais do que isso, veio confirmar que as pessoas LGBTI continuam a fazer parte de uma das comunidades mais fragilizadas no que diz respeito aos direitos do trabalho, vivendo ainda diariamente com situações de bullying, medo de outing, salários mais baixos e condições de trabalho especialmente precárias. Na ILGA Portugal os pedidos de apoio de pessoas que ficaram sem trabalho dispararam e sabemos que essa é uma realidade em todo o mundo neste momento. A falta de respostas estatais para estas questões, bem como a falta de programas inclusivos dentro das empresas são sintomas de um sistema que tem falhado sistematicamente às pessoas homossexuais, lésbicas, bissexuais, trans e intersexo.

Além da comunidade LGBTI, relembramos que as comunidades migrantes e requerentes de asilo são também particularmente vulneráveis nestas questões: são milhares de pessoas que trabalham de forma ilegal em situações degradantes e pouco seguras e que garantem o movimento das roldanas da nossa economia, ao mesmo tempo que são vítimas de discriminação e de violência. Não podemos continuar a atrasar a criação de respostas estatais para podermos acolher e integrar estas pessoas, proporcionando-lhes uma vida digna e locais de trabalho onde sejam mais do que corpos para explorar.

Por fim, continuamos a saber todos os dias que as mulheres são obrigadas a navegar um local de trabalho que ainda é regido por regras machistas e misóginas, que ainda lhes nega a valorização laboral, o direito à pluralidade de poderem ser trabalhadoras e terem famílias, salários ajustados, um local de trabalho seguro e onde o assédio não seja a regra, e todas as outras questões que nos impõem diariamente, mas nas quais não vemos a necessária e premente mudança.

Neste dia, convém ainda assinalar que trabalho não é só aquele que é remunerado: lembramos as pessoas cuidadoras de familiares, que muitas vezes o fazem depois de trabalharem 8 horas nos seus empregos, ou as pessoas que são mães e pais, e lembramos as pessoas estagiárias, que são tantas vezes as espinhas dorsais das empresas e que são sujeitas a trabalharem sem salário ou com salário reduzido sob a justificação de ser o esperado ou que lhes valoriza o currículo, potenciando assim a sua exploração e a disparidade entre quem tem outras fontes de rendimento e quem não as tem.

O Dia da Pessoa Trabalhadora é um dia que nos lembra que, nesta contínua luta repleta de avanços e recuos, só em comunidade, só em diálogo e união podemos mudar o nosso quotidiano. Assim, e #pormuitomaisigualdade, hoje reivindicamos melhores condições de trabalho para as pessoas, para todas as pessoas.