Notícia

Dia da Criança e Mês do Orgulho

Hoje é o primeiro dia do mês do Orgulho e também o Dia Internacional da Criança, e não parece ser acaso que os possamos celebrar em conjunto. Celebramos assim todas as crianças que “são, somos e fomos”, assinalando a importância de se poder crescer com Orgulho, visibilidade e segurança sendo-se uma criança LGBTI. O slogan repete-se e desdobra-se em aspirações: sabemos quem somos – e fomos – e enquanto sociedade devemos trabalhar para que as crianças LGBTI se sintam plenas no direito a expressar-se e a viver de acordo com a sua orientação sexual, identidade e expressão de género e características sexuais. 

Relembramos a Declaração Universal dos Direitos da Criança, que diz que esses “(…) direitos serão reconhecidos a todas as crianças sem discriminação alguma, independentemente de qualquer consideração de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou outra da criança, ou da sua família, da sua origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou de qualquer outra situação.” A este parágrafo acrescentamos a orientação sexual, identidade expressão de género e características sexuais, temáticas tantas vezes negligenciadas quando falamos das nossas crianças. 

As crianças LGBTI são duplamente vulneráveis, sendo vítimas de discriminação e violência nas suas casas, na escola e na sociedade. Mas são também o futuro que vemos na nossa luta, a perspetiva de que todas as pessoas possam crescer sem amarras sociais que as privam do direito fundamental de serem exatamente quem são.

Acima de tudo, temos o dever de compreender que as crianças têm agência, são pessoas com autodeterminação, com vontades e com desejos, e menorizar todas estas questões é uma violência. As suas múltiplas identidades, tantas vezes coexistentes, devem ser respeitadas e celebradas. 

Os dados do Inquérito LGBTI Europeu sobre  Portugal mostram-nos o muito que ainda há por fazer no que diz respeito à proteção das nossas crianças:

– 26% das pessoas trans diz ter sentido que havia uma incongruência entre o seu sexo legal e a sua identidade de género entre os 6 e os 9 anos; 

– 35% das pessoas diz ter descoberto a sua orientação sexual não heterossexual entre os 10 e os 14 anos; 

– 34% das pessoas intersexo percebeu que havia uma variante nas suas características sexuais entre os 10 e os 14 anos

– a maioria das pessoas só contou a alguém que era LGBT pela primeira vez entre os 18 e os 24

– a maioria das pessoas intersexo nunca contou a ninguém que era intersexo.

A infância é um tempo privilegiado de alegria e de maravilhamento, de procura sem limites. 

 O nosso dever de proteção para com as crianças passa também por abrir este espaço para que elas possam explorar quem são desde o início da sua vida. Passa por garantir que nós, enquanto sociedade, criamos um ambiente seguro em que possam crescer, experimentar e questionarem-se a si e ao mundo.

Se trabalhamos por #muitomaisigualdade, é para garantir #muitomaisdiversidade.

Feliz Dia da Criança e feliz Mês do Orgulho!