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Dia da Visibilidade Intersexo

imagem dia da visibilidade intersexo

Hoje celebra-se o Dia Internacional da Visibilidade Intersexo, criado em 1996 por ativistas nos Estados Unidos da América em protesto contra as intervenções médicas abusivas e perigosas que eram forçadas sobre as crianças intersexo.

Passados 25 anos, as questões específicas das pessoas intersexo são mais discutidas, mas isso não quer dizer que os seus direitos de acesso a cuidados de saúde adequados e a sua autonomia corporal estejam garantidos. 

Importa referir que o termo “intersexo” se refere a um amplo conjunto de diferenças fisiológicas e fisionómicas na anatomia reprodutiva e sexual e nas características sexuais primárias e secundárias, e que as pessoas intersexo podem saber que o são desde a nascença, na puberdade ou quando já são adultas. Muitas pessoas podem nem sequer chegar a saber que são intersexo. Importa também referir que as diferenças intersexo não são sinal de doença ou de malformação. 

A falta de informação sobre o que podem ser as características intersexo e que impacto têm na saúde física e psicológica das pessoas que as transportam fazem com que este seja uma comunidade especialmente vulnerável a agressões em contexto médico que põem em risco a sua saúde física e mental e, não raras vezes, a sua vida, sob a ideia de que os seus corpos devem ser “corrigidos” desde o momento em que estas diferenças são identificadas, geralmente durtante a infância.

Segundo o Inquérito LGBTI 2020 da FRA, 6% das pessoas intersexo depararam-se com dificuldades no acesso a cuidados de saúde em virtude da sua identidade ou expressão de género e 9% das pessoas intersexo referem não ter acesso a cuidados de saúde ou tratamento adequados. 

Hoje exigimos mais visibilidade para as pessoas intersexo, porque visibilidade significa mais informação e menos preconceito. Exigimos a proteção inequívoca das crianças e jovens intersexo pela lei e pelos Governos, abolindo a prerrogativa médica de que algo está errado com os seus corpos. Exigimos a disseminação de informação cientificamente válida e provada a toda a comunidade médica. Exigimos acesso a cuidados de saúde competentes, em todas as especialidades. Exigimos acesso a cuidados de saúde para as pessoas intersexo apenas com o seu explícito consentimento informado. 

Lutamos para que o referente binário de género deixe de existir, uma vez que tem tantas vezes consequências nefastas na vida e saúde das pessoas intersexo. A diversidade de corpos e de identidades e expressões de género é desejável e deve ser respeitada. 

Hoje celebramos todas as pessoas intersexo, em todas as suas diferenças. Porque a diferença é o pilar da igualdade.