Notícia

Dia Internacional das Mulheres 2023

Hoje celebra-se o Dia Internacional das Mulheres, e é ainda necessário reforçar que é de todas as mulheres.

A ILGA Portugal afirma que as vidas LGBTI+ têm um lugar dentro da luta feminista, e relembra o papel das identidades trans, não-binárias e de género diverso no curso do movimento e na sua resistência às forças que procuram o seu apagamento. 

As histórias e trajetórias das mulheres, pessoas transfemininas ou lidas como do género feminino e/ou outros géneros dissidentes, tantas vezes excluídas por vozes que vêm de dentro dos movimentos feministas, fazem também parte da sua existência. As reais conquistas que já alcançámos são fruto da luta contínua, transversal e interseccional.

A nossa luta é contra as estruturas patriarcais, contra a hierarquia e a perpetuação de poderes excludentes, silenciantes e desagregadores. A nossa luta é pela afirmação e reivindicação dos tantos direitos que nos faltam e pela descoberta dos caminhos que nos podem levar até eles. 

A nossa luta é contra a imagem e os comportamentos das representações cis-hetero-mono-normativas e da masculinidade tóxica, que reduzem à subalternidade todas as outras identidades, outros géneros e outras sexualidades. A nossa luta é pela autodeterminação, sem a imposição de reduções de caráter biológico, e pelo respeito pelos processos individuais e coletivos de construção e resgate desta mesma autodeterminação.

A nossa luta é contra as forças que ameaçam os nossos corpos, as nossas ideias e as nossas formas de viver, e que nos obrigam a viver em enquadramentos, esses sim, forçados. A nossa luta é por um futuro mais digno, pleno e feliz, e pela possibilidade de pensar e contar criticamente a história da qual fazemos parte.

Com o avançar das forças que atentam aos Direitos Humanos e das ideias populistas, mascaradas de liberdade de expressão, urge alertar para os discursos machistas, sexistas, racistas, capacitistas, xenófobos e, acima de tudo, transfóbicos e anti-género, que cada vez mais infiltram os movimentos feministas um pouco por todo o mundo. Assim, a nossa luta é pelo reconhecimento de que os movimentos feministas são agregadores e não desagregadores, com espaço para e feitos para todas as mulheres, pessoas transfemininas e outras identidades de género dissidentes. É no pensamento crítico que nós podemos lutar contra a infiltração destes discursos opressores e que podemos avançar num caminho que sirva as nossas reais necessidades.

Não passarão essas nem quaisquer outras violências das que diariamente são cometidas contra nós em todo o mundo; não passarão a desumanização e a indiferença exercidas sobre os nossos corpos, ameaçando-os com as tradições que nos retiram a nossa força vital e as práticas médicas que manipulam e patologizam a nossa existência. Não passarão as violências que duplamente marginalizam as pessoas que são ainda lidas pelos marcadores sociais de opressão, seja pela racialização dos seus corpos e memórias, seja pela identificação da sua origem, diversidade funcional, contexto socioeconómico, ocupação e trabalho, entre outros. 

A ILGA Portugal reforça o seu compromisso em avançar simultânea e paralelamente com as lutas LGBTI+ e feministas, em celebração e empoderamento da igualdade e diversidade.

Lisboa, 8 de março de 2023.