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Cartão Vermelho para a UEFA: ILGA Portugal apela a um posicionamento da Federação Portuguesa de Futebol

Lisboa, 22 de junho de 2022
A ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo lamenta a decisão da UEFA em rejeitar a iluminação arco-íris do estádio de Munique aquando do jogo entre Alemanha e a Hungria, considerando que este seria um gesto simbólico mas de cariz macro no que toca ao posicionamento pró-direitos LGBTI por parte das Associações Europeias de Futebol. No seguimento, a mais antiga associação de direitos LGBTI em Portugal apelou esta tarde a um posicionamento por parte da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), com o hastear de uma bandeira arco-íris na sua sede e a promoção de políticas de inclusão e diversidade no contexto do futebol nacional, tendo dado conhecimento deste apelo ao Secretário de Estado da Juventude e do Desporto.

A proposta da Câmara Municipal de iluminação do Munique Arena, que a ILGA aplaude,  surge no seguimento do Parlamento Húngaro ter aprovado uma nova legislação que proíbe a “promoção” de  conteúdos referentes a questões de orientação sexual, identidade ou expressão de género e características  sexuais em contextos com pessoas menores de 18 anos. Uma medida que, na prática, silencia e oprime identidades e proíbe um normal e positivo discurso público  e privado sobre pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo e com outras identidades não normativas (LGBTI+).

“É contra este tipo de atropelamentos aos Direitos Humanos que várias entidades políticas, desportivas e ativistas demonstraram o seu apoio à iluminação da Allianz Arena em Munique, naquela que seria um claro sinal de inclusão e liberdade, a par de uma mensagem de segurança para os milhares de jovens LGBTI que acompanham e praticam esta modalidade. Questiona-se se esta decisão teria o mesmo tratamento se o momento simbólico remetesse a outros tipos de ações de afirmação da UEFA, nomeadamente as de cariz comercial”, questiona Ana Aresta, presidente da direção da ILGA Portugal. 

Perante a proibição da mesma, vários estádios e edifícios públicos na Alemanha irão ser iluminados e hastear bandeiras do Orgulho LGBTI de forma a enviar uma mensagem clara contra a discriminação e o preconceito. “Esta é, aliás, uma mensagem que a própria FPF tem capacidade de acompanhar ao hastear uma bandeira do Orgulho LGBTI na sua sede”, reforça Ana Aresta.

A ILGA Portugal recorda igualmente que, enquanto o capitão da equipa alemã, Manuel Neuer, vestiu uma braçadeira arco-íris – alvo da abertura de uma investigação por parte da UEFA –, o capitão da equipa portuguesa, Cristiano Ronaldo, foi vítima de cânticos de teor homofóbico por parte das bancadas húngaras. É assim fulcral que a FPF se demarque dos mesmos e clarifique que este tipo de discurso de ódio, além de ir contra o estabelecido na Convenção do Conselho da Europa sobre uma Abordagem Integrada da Segurança, da Proteção e dos Serviços por Ocasião dos Jogos de Futebol e Outras Manifestações Desportivas, não é bem-vindo no desporto.

Porque no Desporto também se exige #MuitoMaisIgualdade