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Dia da Memória Trans 2024

Dia da Memória Trans

Dia da Memória Trans 2024

Neste dia 20 de novembro, assinalamos o Dia Internacional da Memória Trans. Honramos, recordamos e homenageamos todas as pessoas trans, não-binárias e de género diverso a quem foram tiradas as vidas pelo simples facto de serem quem são e existirem fora da cisheteronormatividade.

Segundo o Trans Murder Monitoring realizado pela TGEU, 350 pessoas Trans foram assassinadas entre o dia 1 de outubro de 2023 e 30 de setembro de 2024. Afirmam também que foi dos anos com maior registo de mortes desde 2008.

Nestes registos ficam de fora pessoas que não sejam identificadas como parte da nossa comunidade. Quer pela ignorância das pessoas que trabalham nos casos, como pela invisibilidade que as nossas identidades sofrem na sociedade.

Desta forma deixamos também um apelo a que recordemos, honremos e a que homenageamos as mortes simbólicas que a transfobia causa através da invisibilidade, do apagamento histórico, da transfobia internalizada e de tantos outros fatores estruturais que nos matam a cada momento.

A nossa comunidade gritou que a violência transfóbica está a aumentar, mas o cistema não nos ouve, os poderes instituídos não nos ouvem.

A maioria das vítimas continuam a ser pessoas transfemininas negras, com os registos da TGEU a indicar um aumento destes femicídios. As pessoas trans trabalhadoras do sexo também continuam a ser alvos constantes desta violência interseccional de uma herança colonialista, capitalista, racista, xenófoba, LGBTI-fóbica, capacitista, entre tantas outras formas de opressão. A nossa luta tem de ser em conjunto, diferentes formas de opressão devem ter uma pluralidade de ações e de lutas para as enfrentar.

Devemos pensar e refletir. Precisamos de mudanças urgentes. Não podemos deixar que a transfobia continue a deixar sempre as mesmas comunidades à margem da vida, renegando-as para lugares de sobrevivência e desumanização.

Devemos agir e mover-nos. Queremos construir um mundo que valorize e proteja as vidas das pessoas trans. Este dia deve ser sempre um alerta profundo para as violências estruturais e sistémicas de que a nossa comunidade é alvo. Lutamos para que a violência deixe de ser a nossa realidade. Temos direitos à autodeterminação e à nossa diversidade e pluralidade de identidades. A identidade é um direito humano fundamental. Enquanto a sociedade não o reconhecer, a nossa luta não pode parar, nunca.

Recusamos que as nossas vidas sejam apenas números estatísticos de violência. As nossas vidas são reais, válidas e pertencentes. Não aceitamos que nos continuem a matar. A cada nome que lemos, a cada nome que gritamos, revoltamo-nos. Por cada vida interrompida, devastada e destruída, lutamos. Porque não toleramos nem aceitamos mais violência.

A nossa vida deve ser digna e livre de violência, livre do medo e da insegurança.

Os nossos corpos, as nossas vivências e as nossas lutas não podem ser negados. Não queremos ser nem mais um número. Exigimos o direito à nossa subjetividade, à nossa dignidade e à vivência plena das nossas identidades.

Queremos viver. Queremos pertencer, queremos amor e felicidade, queremos existir na nossa diferença.

Lutaremos até que nenhuma pessoa entre nós tenha de lutar por ser quem é.

Se a violência não pára, a nossa luta também não.

Até que todas as pessoas sejam livres para ser quem são, não paramos.

Até que as vidas trans sejam valorizadas e protegidas, não paramos.

Até que a nossa autodeterminação exista sem opressão, não paramos.

Porque nós existimos e merecemos sempre continuar a viver.

Assinam as pessoas ativistas do GRIT – Grupo de Reflexão e Intervenção Trans
20 de novembro de 2024