Hoje, 1.º de maio, celebramos o Dia da Pessoa Trabalhadora, e reafirmamos o nosso compromisso para com a luta contra a precariedade, o preconceito e os abusos laborais. Hoje falamos em solidariedade e resistência, porque precisamos e queremos políticas laborais afirmativas, que garantam o acesso ao trabalho e a dignidade, paridade e representatividade no emprego para todas as pessoas, independentemente da sua orientação sexual e/ou identidade e/ou expressão de género, bem como de todos os outros marcadores sociais de exclusão.
A falta de emprego e a falta de estabilidade e condições nos locais de trabalho são das violências que mais nos travam nos caminhos da emancipação e da autodeterminação, porque comprometem a nossa segurança financeira, a nossa saúde física e mental, comprometendo ainda outros direitos fundamentais, como são o caso do direito à habitação e o direito à saúde.
Neste dia exigimos dignidade, segurança, paridade e bem-estar no trabalho, e relembramos que os locais de trabalho são múltiplos e que muitos deles são informais.
O Dia das Pessoas Trabalhadoras e as suas reivindicações urgentes são também:
- para as pessoas trabalhadoras do sexo, ainda absolutamente desprotegidas porque vivemos numa sociedade moralista que não o reconhece como trabalho;
- para as pessoas cuidadoras das suas famílias e redes de apoio, que tantas vezes acumulam este cuidar com o seu “trabalho convencional”;
- para as pessoas que são artistas e agentes da cultura e que vivem numa precariedade acrescida pelas lógicas de não-valorização deste tipo de trabalho;
- para as pessoas que não podem trabalhar porque não têm a saúde para o fazer, e que são consideradas como não-produtivas, como se essa fosse a medida do seu valor;
- para as pessoas a quem o preconceito fecha portas, como é o caso de tantas pessoas trans e queer, racializadas, migrantes, com diversidade física e cognitiva;
- para as pessoas que não encontram trabalho porque vivemos numa sociedade ainda capacitista e que não consegue perspetivar novos paradigmas do que é o trabalho e de como as valências de todas as pessoas podem ser valorizadas.
- para as pessoas ativistas pelos Direitos Humanos e demais lutas intersecionais, que chamam para si a luta pelas preocupações que deviam ser de todas as pessoas e tantas vezes colocam as suas vidas em risco nestes processos.
Neste dia, falamos ainda das pessoas migrantes e dos constantes atentados aos seus direitos humanos, sujeitas à exploração laboral e à escravatura moderna. À falta de condições mínimas de dignidade, higiene ou segurança, juntam-se os labirintos e barreiras burocráticas, criados para alimentar a exclusão e o seu acesso aos direitos que são de todas as pessoas, independentemente do seu país de origem.
Além de tudo isto, denunciamos os crescentes movimentos ultraconservadores e de extrema-direita, que nos trazem desafios acrescidos. Denunciamos a recente proposta de criação de um estatuto de “dona de casa”, que ignora a contribuição de todas as pessoas nesse papel, que reduz e reforça papéis de género danosos, e que instrumentaliza o trabalho doméstico para fins desumanos: ao contrário de uma valorização necessária do trabalho doméstico e do trabalho de cuidado, esta proposta vem apenas reforçar estereótipos e perpetuar a exclusão e a discriminação.
Há muito por fazer na garantia da nossa dignidade e das nossas vidas, mas em conjunto cá estaremos para reivindicar, encontrar estratégias, construir os nossos lugares. Neste 1.º de maio, unimos as nossas vozes em solidariedade e resistência. Continuaremos a lutar por um mundo onde tu, nós e todas as pessoas possam trabalhar com dignidade, respeito e igualdade de oportunidades.
Dizemos NÃO à discriminação e SIM ao respeito em todos os ambientes profissionais.