Hoje, dia 31 de Março, assinala-se o Dia Internacional da Visibilidade Trans e também o Dia Nacional da Visibilidade Trans, que foi promulgado o ano passado em Portugal. Neste dia em particular, e em todos os outros, mostramos que somos visíveis, que existimos e que resistimos. Celebramos este dia pelo empoderamento das nossas identidades, da nossa autonomia e da nossa agência política. Neste dia, refletimos e pensamos quais são os próximos passos da nossa luta de todos os dias.
A situação política em Portugal é bastante perigosa para a nossa comunidade, e com o crescimento da extrema direita no parlamento estamos perante um cenário de rotura dos nossos direitos e das nossas conquistas. É por isso necessário que este dia de visibilidade seja também um dia de força e resiliência. Um dia de gritarmos ao mundo, em uníssono, que estamos aqui e vamos enfrentar esta vaga de violência com todas as nossas capacidades e forças. Porque somos capazes, somos uma força de mudança estrutural.
Os nossos corpos não existem para estarem à mercê dos interesses políticos, dos interesses sócio-económicos e, acima de tudo, à mercê do conservadorismo compulsório. Os discursos de ódio aumentam a cada dia e a violência cresce transversalmente em todas as áreas da nossa vida. O perigo é real.
Por tudo isto, é urgente resistir e procurar o cuidado coletivo, os espaços de união e de luta conjunta. É mais do que necessário, neste momento, criar redes de apoio e solidariedade. Criar mecanismos de defesa e construir um discurso político coeso e assertivo, com origem na colaboração de todas as pessoas: das pessoas trans, não-binárias, de género diverso e em questionamento identitário, mas também das pessoas aliadas.
Contra estas violências, gritamos e, contra estas violências, dizemos basta. A visibilidade é importante, a visibilidade é necessária, a visibilidade é fundamental para o processo de emancipação das pessoas trans, não-binárias e de género diverso e também para aquelas que ainda estão em questionamento identitário. É a visibilidade que abre os caminhos. E relembramos que, para todas as outras pessoas que nunca questionaram o seu género, este é também um processo de construção individual e de entendimento de quem somos.
Não admitimos viver na insegurança de sair à rua, de falar com alguém, de sentir a nossa vida em perigo constante. Não queremos, não admitimos e não merecemos. Não nos podem invisibilizar. Seremos cada vez mais visíveis, mais presentes, mais contestatárias. Não acreditamos na hegemonia social, não acreditamos no género formatado, não acreditamos nas limitações impostas por uma estrutura social opressiva.
Neste dia da visibilidade, afirmamo-nos com orgulho em quem somos. Afirmamos a nossa existência e resistência. Afirmamos a nossa responsabilidade e solidariedade para com qualquer grupo de pessoas sub-representadas e oprimidas pelas estruturas hegemónicas e de poder. Estamos aqui por todas.
Neste dia de visibilidade, olhamos de frente para o futuro. Somos parte da mudança, somos parte da solução. Nós somos a liberdade.
Hoje e sempre.
Aqui e em todos os lugares.
De mão dada, continuaremos!
31 de março de 2024