Notícia

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Hoje, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, relembramos e prestamos homenagem às comunidades e pessoas que foram vítimas de crimes contra a Humanidade: pessoas que foram separadas das suas famílias, presas, torturadas, usadas como cobaias, escravizadas e assassinadas por serem pessoas LGBTI+, racializadas e de etnias minoritárias, por terem crenças religiosas e políticas diferentes das do regime fascista e por viverem com deficiência, diversidade funcional ou neurológica ou doença mental. 

Passados 77 anos desde o fim da II Guerra Mundial, a apologia ao ódio e ao medo, alavancada pela desinformação, encontra cada vez mais terreno em todas as esferas da sociedade, seja em Portugal, na Europa ou no Mundo. Por isso, torna-se também urgente relembrarmos o Holocausto. É porque assim, feito vivo na memória, desperta-nos, cada vez mais, para a consciência de que sem uma cultura sólida de Direitos Humanos e Democracia corremos sérios riscos de permitir que tamanhos erros voltem a acontecer. 

Lembremos que a desresponsabilização coletiva da sociedade, do poder económico privado, das pessoas vizinhas, amigas e familiares que, por ignorância, medo ou por convicção, serviram de instrumento de poderes criminosos, que ainda hoje se tentam reerguer. Estes poderes atentaram contra a vida corrente e contra a vida não contada das pessoas LGBTI+ presas e mortas durante o Holocausto, registadas pela máquina burocrática estatal da época como infratoras das leis vigentes, afinal vítimas também das estatísticas que propositadamente compararam a crimes aquilo que eram tão e simplesmente as suas formas de ser e de amar. 

E, se a História aponta para o caráter político de cada gesto, sem dúvida que os valores nos quais acreditamos e pelos quais lutamos, individual e coletivamente, têm o poder de melhorar e dignificar a vida de todas as pessoas. Não nos esqueçamos que há apenas 40 anos atrás, vimos finalmente a homossexualidade ser descriminalizada em Portugal; medida que não findou a violência e discriminação contras as pessoas LGBTI+ no país, mas que redefiniu uma nova fase das trincheiras da nossa luta.

Assim, assentes no dever de reconhecimento e da reparação ainda hoje pouco discutida, aproveitamos este dia de memória coletiva para cobrar ao Estado Português a necessidade de se pedir perdão público não só a todas as pessoas LGBTI+ presas até 1982 como a toda a sua comunidade e às suas famílias, pelo estigma e ódio que a criminalização das suas identidades e afetos perpetuou. Este processo deve ser paralelo à admissão definitiva do dever de tornar célere e eficaz a inclusão de garantias legais e de políticas públicas que ajam no sentido de ressignificar os paradigmas de opressão latentes, bem como de agir para uma educação mais consciente dos erros do passado e de como freá-los para que cheguemos antes deles ao futuro, mais justo e livre.