Hoje, dia 7 de abril, assinala-se o Dia Mundial da Saúde. Esta data foi criada em 1950 pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Neste dia, sensibilizamos e educamos para a importância dos cuidados de saúde e de estilos de vida saudáveis.
Em 2025, o tema é “Inícios Saudáveis, Futuros Cheios de Esperança”, originando uma campanha que pretende acabar com as mortes maternas e neonatais evitáveis e dar prioridade à saúde e ao bem-estar a longo prazo.
E por que devemos nós, ILGA Portugal, falar de saúde? A saúde deve ser um bem transversal e universal para todas as pessoas, é um princípio basilar para uma sociedade saudável, justa, onde se combate também neste plano as diferenças sociais e o estigma. De certa forma, a saúde da população mede a saudabilidade do contexto onde está inserida. Sabemos que, infelizmente, nem toda a gente tem acesso a uma saúde digna e respeitosa. E essa diferença faz-se notar mais ainda em grupos sub-representados ou grupos vulnerabilizados pela sociedade, como é o caso da população LGBTI+, nomeadamente, das pessoas trans, não-binárias e de género diverso.
Durante muitos anos, e ainda em muitos contextos internacionais, as orientações sexuais e as várias identidades de género (não cis) foram patoloziadas pela medicina, aumentando o estigma e a discriminação a que estas pessoas estavam sujeitas: a medicina validava a violência perpetuada. Porém, os princípios têm mudado e, hoje, temos uma medicina mais inclusiva. No entanto, importa termos a consciência que as boas práticas não chegam a todo o lado, nem a todos os sistemas de saúde. Continuamente, ainda vemos pessoas a sofrer violência, mascarada de princípio moral, por serem LGBTI+.
Num clima em que os direitos das pessoas LGBTI+ são questionados, a saúde não fica atrás e, consequentemente, o acesso à saúde digna e respeitosa fica também condicionada por fatores políticos e mudanças nas políticas públicas. Temos consciência que muitas pessoas LGBTI+ evitam ir ao hospital ou às unidades de saúde para não terem de enfrentar (micro)agressões constantes por parte das pessoas profissionais de saúde. É, nesse sentido, um exercício de empatia e empenho em mudar comportamentos e formas de estar no atendimento ao público. É por isso necessária muito mais formação e contacto do ponto de vista de quem atende para garantir dignidade no seu trabalho com as pessoas LGBTI+.
Educar e sensibilizar são ações prioritárias. É por isso necessário discutir e garantir um acesso à saúde verdadeiramente universal e interseccional, fortalecendo especialmente a capacidade do SNS nestas matérias. Lutamos assim por um acesso pleno e um respeito pela autodeterminação de cada pessoa e que seja realmente virada para a pessoa enquanto ser individual singular. Só com coragem é possível haver mudanças estruturais que garantam e preservem um acesso pleno aos cuidados de saúde pelas pessoas LGBTI+, independente de mudanças políticas. É por isso necessário criar políticas públicas concretas no acesso à saúde, no bem estar e na promoção de hábitos saudáveis sem julgamentos ou vontades permeáveis às pessoas que estão na gestão dos serviços.
Assim, a Associação ILGA Portugal continuará a trabalhar junto de quem decide politicamente para construir um sistema de saúde que consiga corresponder às expectativas da comunidade, permitindo-lhes um acesso digno e merecedor.
Continuaremos um trabalho que temos feito ao longo dos anos, formando e sensibilizando vários órgãos de gestão e pessoas que atendem a comunidade para uma resposta e um atendimento mais inclusivo e interseccional. Trabalharemos com outras entidades para promover uma saúde saudável e rica. Não cessaremos o nosso trabalho enquanto as pessoas LGBTI+ tiverem receio de ter uma consulta ou sofrerem qualquer tipo de discriminação neste processo.
A Associação ILGA Portugal, estará, assim, do lado da comunidade, procurando políticas públicas verdadeiramente inclusivas e necessárias. Por um sistema nacional de saúde verdadeiramente transversal, interseccional e universal, lutaremos pela saúde e bem-estar de todas as pessoas.