Notícia

ILGA Portugal dinamiza formação na Eslováquia para jovens na área dos Direitos Humanos

Estivemos no final de janeiro na Eslováquia, a dinamizar uma semana de formação para jovens na área dos Direitos Humanos. Esta formação integra-se no projeto europeu Rainbow Challenge, realizado em parceria com associações da Lituânia e da Eslováquia.

Foi uma semana intensa de trabalho, partilha e aprendizagem, que lançou sementes para o desenvolvimento de mais formações e mais conhecimento nesta área, espalhando o interesse e o ativismo na proteção dos direitos humanos entre jovens destes países e de Portugal.

Nesta semana, pudemos observar diferenças evidentes entre a realidade e o contexto de jovens nesses diferentes países. A Lituânia e a Eslováquia são hoje dos países da UE com piores índices de discriminação e com uma legislação que pouco protege as pessoas LGBTI+ e as suas famílias, como podemos constatar no EU LGBTIQ SURVEY da FRA (Agência da União Europeia para os direitos fundamentais), no Rainbow Map da ILGA Europe e no Trans Rights Map da TGEU. Esta situação tende a agravar-se com a ascensão de governos ultra-conservadores, com intenções de mudança de legislação que atacam diretamente os direitos das pessoas LGBTI+, como aconteceu exatamente durante a última semana de janeiro na Eslováquia com o governo a sugerir a criação de obstáculos constitucionais ao casamento igualitário e ao reconhecimento legal das pessoas trans no país.

A Associação ILGA Portugal foi escolhida como parceira exatamente para contribuir com a sua experiência e também pelo contexto em que atualmente ainda se vive em Portugal, no que diz respeito aos direitos e proteção das pessoas LGBTI+. Em conjunto, podemos tentar desenvolver novas perspectivas e novos caminhos contra a discriminação, empoderando a juventude nesse sentido. 

Observamos como as nossas entidades parceiras, TJA da Lituânia e Saplinq da Eslováquia, atuam com determinação e resistência, continuando a defender as existências e os direitos das nossas comunidades, num difícil equilíbrio entre o apoio que a UE ainda lhes dá e o crescente antagonizar dos seus governos e das suas sociedades. Nessa resiliência, conseguimos também ver entre as pessoas jovens presentes, o ceticismo, o medo e o cinismo perante as instituições que é suposto protegerem-nas.  

A experiência que trazemos da Eslováquia e que acumulamos nestes projetos enriquece o nosso trabalho e alerta-nos para a necessidade constante de protegermos os nossos direitos e lutarmos por mais, a nível social, político e legislativo. Nos tempos conturbados e de encruzilhada que vivemos no mundo dito ocidental, é fundamental estarmos bem presentes, garantindo que não retrocedemos, mas sim avançamos.