Notícia

Dia da Memória Trans 2023

Hoje, 20 de novembro, assinalamos o Dia Internacional da Memória Trans. Lembramo, honramos e homenageamos todas as pessoas trans, não-binárias e de género diverso a quem foram tiradas as vidas pelo simples facto de existirem fora da cisheteronormatividade. Deixamos também um apelo a que recordemos, honremos e a que homenageemos as mortes simbólicas que a transfobia causa através da invisibilidade, do apagamento histórico, da transfobia internalizada e de tantos outros fatores estruturais que nos matam a cada momento.

Devemos pensar e refletir. Devemos agir e mover-nos. Não podemos deixar que a transfobia continue a deixar comunidades inteiras à margem da vida, renegando-as para lugares de sobrevivência e desumanização. A violência que atravessa estas comunidades é também ela interseccional e, por isso, também provém de uma herança colonialista, capitalista, racista, xenófoba, LGBTI-fóbica, capacitista, entre tantas outras formas de opressão. 

Devemos pensar e refletir. Devemos agir e mover-nos. Como queremos que seja a nossa sociedade no futuro? Este dia é um alerta profundo para as violências estruturais e sistémicas de que somos alvo. Violências essas muitas vezes desconsideradas porque ainda há um caminho a percorrer. Esse caminho passa por que todas as pessoas percebam que a identidade é um direito humano fundamental. Enquanto a sociedade não o reconhecer, a nossa luta não pode parar, nunca.

A nossa vida, os nossos corpos, as nossas experiências são questionadoras. São a oposição a um sistema cis-normativo que apela ao respeito a regras estritas, a regras maioritariamente criadas com base em argumentos que descredibilizam a existência da diversidade e da diferença. Tecnologias e mecanismos de género que sempre foram usados para controlar a população nos seus vários processos de emancipação.

Contra isto, afirmamos que as nossas vidas não podem ser apenas números estatísticos de violência. As nossas vidas precisam de ser reais, válidas e pertencentes. Basta. Dizemos basta. A cada nome que lemos, a cada nome que gritamos, dizemos basta. A cada vida interrompida, dizemos basta. A cada vida tirada, dizemos basta. A cada vida devastada, dizemos basta. Porque basta de violência.

A nossa vida deve ser digna e livre de violência, livre do medo e da insegurança. 

Por isso, basta. Nós somos quem somos, porque somos.

Os nossos corpos, as nossas vivências e as nossas lutas não podem ser negados. Não queremos ser nem mais um número. Exigimos o direito à nossa subjetividade, à nossa dignidade.

Basta.

E porque basta, queremos viver. Queremos pertencer, queremos amor e felicidade, queremos existir na nossa diferença.

E porque basta, continuaremos a lutar. Lutaremos até que a nossa dignidade seja restaurada, até que nenhuma pessoa entre nós tenha de lutar por ser quem é.

E porque basta, estamos aqui. Por nós, para ti, e para te acolher.

Assinam as pessoas ativistas do GRIT – Grupo de Reflexão e Intervenção Trans