Notícia

Dia Internacional de Todas As Mulheres 2024

Hoje, 8 de março, celebramos o Dia Internacional de Todas as Mulheres, relembrando que a palavra “mulher” é também das pessoas transfemininas, não-binárias, percecionadas como sendo do género feminino e/ou de outros géneros dissidentes, e que esta luta pertence também às identidades transmasculinas, que são também elas oprimidas pelos mesmos sistemas.

As histórias das lutas feministas e LGBTI+ não se contam uma sem a outra, porque têm sido feitas tantas vezes lado a lado, tantas vezes convergindo, e porque têm na sua origem as mesmas ameaças: a desigualdade de género, as ideias essencialistas que reduzem as pessoas à sua biologia e às suas características sexuais, a patologização compulsiva de identidades e comportamentos, o silenciamento e a invisibilização, o poder desumanizante do capital e as lógicas produtivas que nos esmagam sob o peso das suas engrenagens. 

As reais conquistas que já alcançámos são fruto desta luta contínua e transversal, do reconhecimento de que somos muitas se estivermos juntas. A dois dias das eleições Legislativas e num ano em que cumprimos 50 anos de democracia em Portugal, torna-se ainda mais urgente relembrar que este é o caminho coletivo e comunitário que temos de continuar a percorrer, porque é nele que encontramos a empatia e a força para continuarmos a fazer o que deve ser feito para garantir um futuro mais livre.

Um pouco por todo o mundo, vemos os nossos direitos cada vez mais ameaçados, mesmo quando acreditávamos estarem garantidos, numa corrente que infiltra até os próprios movimentos ditos feministas. Esta particular perversão é aquela que é mais urgente desconstruir. Não existem mulheres de primeira e de segunda. Os marcadores sociais da opressão, que nos reduzem à nossa identidade de género, formas de amar, racialização dos nossos corpos, diversidades funcionais, contexto socioeconómico, ocupação e trabalho, que nos violentam e tantas vezes nos estigmatizam de forma múltipla, não têm lugar na luta que nos pretende libertar.

Os ataques à nossa autodeterminação, aos nossos direitos sexuais e reprodutivos, aos nossos corpos e às nossas identidades são múltiplos e é preciso afirmá-lo sem medo e sem receio de sermos acusadas de histerismo ou de alarmismo. Sabemos quem nos quer apagar e aprisionar. Sabemos que as retóricas machistas, trans-excludentes, sexistas, racistas, xenófobas, capacitistas e classistas querem continuar a fazer de nós personagens clandestinas na história, mas a nossa história somos nós que as escrevemos e reescrevemos. Para que ninguém fale em nosso nome e porque as nossas conquistas são de todas.

Hoje e sempre, estamos na rua. Hoje e sempre, sabemos o que queremos e o que nos falta. Hoje e sempre, não passarão.